Eu tenho seu coração guardado em um pote.
Pra que ele não voe, pra que ele não me fuja, como foge de todo mundo, como às vezes foge de si mesma.
E acaba aterrisando em terrenos estranhos, em mãos distantes e abraços frios.
Ah, eu tenho o seu coração, e que seja só por hoje, que fosse só por aquele dia; eu ganhei seu coração, eu plantei nele alegria.
Te salvei por alguns instantes, beijei teus lábios como se fossem os últimos. Senti teu ar como se fosse o único e vi em teu riso, minha própria alegria.
Eu me joguei do abismo sem temer a dor da queda, perdi o juízo e o controle como quem perde a carteira.
Mas de que vale meu juízo agora? Não vale nada.
E depois eu o procuro e ainda o encontro empoeirado, debaixo da cama, junto com minhas tristezas, minhas lembranças e meus sapatos.
Queria te guardar em conserva, aqui, pra sempre, e ter seu coraçãozinho de pelúcia, vermelho vermelho.
Nunca vou deixar que ele rache ou se parta ao meio. Nem que feneça. Ele ainda bate, ele ainda pulsa, o maldito.
Às vezes eu abro e vejo se ele quer ir embora.
- Voa, voa!
Mas ele fica ali, parado. Talvez seja porque ele não tem asas e nem pilhas, mas eu acho que ele não quer ir embora.
Você até pode ir. Mas eu vou ter sempre seu coração - guardado em um pote.
Pra que ele não voe, pra que ele não me fuja, como foge de todo mundo, como às vezes foge de si mesma.
E acaba aterrisando em terrenos estranhos, em mãos distantes e abraços frios.
Ah, eu tenho o seu coração, e que seja só por hoje, que fosse só por aquele dia; eu ganhei seu coração, eu plantei nele alegria.
Te salvei por alguns instantes, beijei teus lábios como se fossem os últimos. Senti teu ar como se fosse o único e vi em teu riso, minha própria alegria.
Eu me joguei do abismo sem temer a dor da queda, perdi o juízo e o controle como quem perde a carteira.
Mas de que vale meu juízo agora? Não vale nada.
E depois eu o procuro e ainda o encontro empoeirado, debaixo da cama, junto com minhas tristezas, minhas lembranças e meus sapatos.
Queria te guardar em conserva, aqui, pra sempre, e ter seu coraçãozinho de pelúcia, vermelho vermelho.
Nunca vou deixar que ele rache ou se parta ao meio. Nem que feneça. Ele ainda bate, ele ainda pulsa, o maldito.
Às vezes eu abro e vejo se ele quer ir embora.
- Voa, voa!
Mas ele fica ali, parado. Talvez seja porque ele não tem asas e nem pilhas, mas eu acho que ele não quer ir embora.
Você até pode ir. Mas eu vou ter sempre seu coração - guardado em um pote.
Thiago Capanema
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