sábado, 12 de setembro de 2009

Eu tenho seu coração guardado em um pote.

Eu tenho seu coração guardado em um pote.
Pra que ele não voe, pra que ele não me fuja, como foge de todo mundo, como às vezes foge de si mesma.
E acaba aterrisando em terrenos estranhos, em mãos distantes e abraços frios.

Ah, eu tenho o seu coração, e que seja só por hoje, que fosse só por aquele dia; eu ganhei seu coração, eu plantei nele alegria.
Te salvei por alguns instantes, beijei teus lábios como se fossem os últimos. Senti teu ar como se fosse o único e vi em teu riso, minha própria alegria.

Eu me joguei do abismo sem temer a dor da queda, perdi o juízo e o controle como quem perde a carteira.

Mas de que vale meu juízo agora? Não vale nada.

E depois eu o procuro e ainda o encontro empoeirado, debaixo da cama, junto com minhas tristezas, minhas lembranças e meus sapatos.
Queria te guardar em conserva, aqui, pra sempre, e ter seu coraçãozinho de pelúcia, vermelho vermelho.

Nunca vou deixar que ele rache ou se parta ao meio. Nem que feneça. Ele ainda bate, ele ainda pulsa, o maldito.

Às vezes eu abro e vejo se ele quer ir embora.
- Voa, voa!

Mas ele fica ali, parado. Talvez seja porque ele não tem asas e nem pilhas, mas eu acho que ele não quer ir embora.

Você até pode ir. Mas eu vou ter sempre seu coração - guardado em um pote.

Thiago Capanema

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