Queridos amigos
Primeiro, gostaria de pedir algumas desculpas pela ausência prolongada em minhas férias.
Nada disso foi premeditado!
Pelo contrário: ocorre que sou totalmente indisciplinado com meu tempo livre. Com tanto por poder fazer, me embaralho no meio campo.
E o sono que sempre me acompanha cobra seus juros todos os dias pela manhã, ou à tarde.
Não é descaso: é férias.
Sem vontade de pensar em nada concreto, só em abstrações.
Sem compromissos com nada:
inclusive eu mesmo!
Por isso, peço desculpas pelo caráter fantasmagórico.
Mas a verdade, é que ando um pouco desanimado com tudo.
Não sei muito bem porquê.
Percebo que vibro em um movimento pendular:
animo e desanimo.
Todas estas reportagens que li até agora só me deixam mais descrente.
Qual a razão de tudo que fazemos?
Tantas ideias e tantas angústias me rondam neste processo
quiçá criativo.
Mas não sei mesmo.
Talvez seja um momento melancolia
que me faz não querer encarar o que me dói
O fato é: tenho muito medo de perder tudo isso que construímos até hoje.
Perder em qualquer sentido.
E sofrer por antecipação
é uma de minhas características mais marcantes.
Se ainda Saramago e seu elefante me tirassem deste mar
destinado a cruzar os alpes
mas
há nevasca e borrasca.
"Fóssemos nós tão imprudentes, ou tão ousandos, como as borboletas, falenas e outras mariposas, e ao fogo nos lançaríamos, nós todos, a espécie humana em peso, talvez uma combustão assim imensa, um tal clarão, atravessando as pálpebras cerradas de Deus, o despertasse do seu letárgico sono, demasiado tarde para conhecer-nos, é certo, porém a tempo de ver o princípio do nada, agora que tínhamos desaparecido."
Saramago, O Evangelho segundo Jesus Cristo.