Em Goiás, estamos atravessando por períodos turbulentos. A mídia goiana, seguindo a postura das tendências da mídia nacional, cada dia reserva mais espaço para o noticiário policial. Com o aumento da atenção sobre o sistema prisional do estado, mais e mais absurdos vêm à tona (casos como o das mulheres e adolescentes presas no Entorno, os grupos policiais de extermínio, dentre outros). Estas realidades, que em nenhum momento desaparecem se não estão em voga na mídia, pré e pós existindo após o circo midiático, denotam a sistemática violência e as torturas do mundo atual, o que pode contribuir de modo positivo para a mudança das instituições goianas.
Ocorre que a postura questionadora do "por que" de tudo isto não ocorre, de ambos os lados, do que articula e do que recebe o discurso. Do ponto de vista da mídia, ela tem a dúbia postura "neutra" na transmissão dos fatos. Do lado oposto, os receptores não denotam nenhuma postura cética ou crítica ao discurso que recebem, situando-se como ponto final de um caminho que deveria ser de mão-dupla.
A questão se torna cada vez mais complicada quando entram em jogo as posturas do Executivo (responsável pelas cadeias e acatar as ordens) e do Judiciário (o famoso "quem manda prender"). O primeiro, sempre caduco por falta de verbas, dá as mais variadas explicações (licitações estão em andamento, isso não é isso, é aquilo etc) que não deixam de ser verdade pois a burocracia ata tudo e todos em um mundaréu de amarras e algemas. Já o Judiciário, isolado da realidade, em seus palácios e tribunais esplendorosos, também reclama de falta de recursos (humanos, diga-se de passagem). E assim, cada qual vai lutando neste palco.
O que eu continuo nao concordando, em hipótese alguma, é com a postura do Judiciário na questão. Lendo hoje o jornal O Popular, vejo que os juízes do Entorno dizem que a situação é calamitosa, a prisão faliu, não recupera, reeduca ou retorna o indivíduo a sociedade (coisa que ouvimos desde o início da instituição), etc mais etc mas lembram que a superlotação nas cadeias é responsabilidade do Executivo.
Oras, com todo o sistema de penas alternativas, se houvesse bom senso dos juízes , deixassem esta mentalidade tacanha e agrária desse estado bunda que a gente vive, uma grande parte das pessoas nem passaria na porta da prisão. Jogar a culpa nas mãos do Executivo é passar a bola pra frente e nada acontece. O Judiciário necessita de uma postura ativa neste processo. Esse jogo de empurra empurra nada leva...
Ocorre que quaisquer 7 meses dentro do Inferno o torna um demônio...
Lasciate ogne speranza, voi ch'intrate