Um bom 2010 a todos =)
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Professor..
O cara é genial
Ele até hoje dá aula do Código Civil de 1916
(que já foi revogado há 7 anos caramba)
E não que muita coisa se repita (o que é verdade), ele até poderia basear-se no mesmo e trazer as inovações.
Mas o fato que ele não mudou UMA VÍRGULA da aula que ele dava em 1980!!!
NADA
Bacana né? Tem mais, não é só isso não.
Ele não segue decisão/orientação/jurisprudencia alguma!
"STF: Da não mais existencia da prisão civil por dívida"
"pff: que nada!"
isso é fichinha pra ele
ele tem a interpretação dele, e é a correta.
Agora, me diz qual versão ele cobra na prova
e se não colocar ele tira nota?
Alguém?!?!?!!
E o melhor de tudo:
ele é o maior carrasco da faculdade,
o temível
o cruel
o reaça!!
Quem mais reprova na faculdade:
adivinhem quem tá enrolado na matéria dele?
.... .... ..... . . . . . . .. . . . . .
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Econoflex
Outro estudo feito pela Associação Médica Brasileira mostrou que, na média, o brasileiro toma 86 litros de cerveja por ano.
Ou seja: o brasileiro faz 16,7km por litro.
nhé!
domingo, 29 de novembro de 2009
sábado, 28 de novembro de 2009
Goiania Noise, sexta-feira 27
Ah bom, lembrei: o pessoal é dono da Monstro Records não é? pois então:
I) fila monstro!
II) cerveja monstro!
III) empurra-empurra monstro!
O local, o velho combatente Martin Cerere, está bonito, reformado, com uma iluminação legal. Mas acreditar que poderia receber o Goiania Noise, com o tamanho que o festival se tornou, é insanidade. Como um teatro daqueles minúsculos poderia aguentar a quantidade de gente que estava lá? Resultado: quase que nego morre pisoteado pra entrar nos shows.
Os caras deveriam ser responsabilizados e no mínimo multados, porque foi sorte não ter acontecido algo dramático naquele estouro de boiada. Até porque, pelo que sabemos, eles já estão há muito lucrando com a grana boa que entrou dos patrocínios.
Isso nos remete ao absurdo do Oscar Niemeyer, menos de 2 anos de inaugurado, ser alvo de reformas. Alguém poderia só dar uma passada de olhos rápida pelo dinheiro gasto e pelo que foi implantado: não há dúvidas de superfaturamento daquela obra.
Parando de reclamar, como pontos positivos gostei da molecada do Vivendos do Ócio (que ilustram este post) que fizeram um rock honesto, energético e muito redondo. E o show do Móveis, que foi mais animado ainda pela quantidade de fãs que eles possuem, que cantam as músicas ferozmente, e o naipe de metais (embora eu ache que eles são mal aproveitados a maioria das vezes). Chovendo no molhado, me lembram Los Hermanos.
Mas ainda assim não há como não celebrar os shows de rock, onde impera a democracia, a liberdade de expressão, a permissão pura e simples de poder fazer o que quiser, em um local onde todas as pessoas conversam animadamente, com vontade, sem a "nojentice" e falsidade típicas dos outros eventos dos "cidadãos do bem" que existem por aí.
No final das contas, vale sempre a pena.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Mais Beatles
Animei-me com os comentários da galera!
Com a ideia do Gabs, pesquisei na net a historia das gravações e mixagens dos Beatles.
E, como mágica, há uma história significante.
[hmm... tá, admito que essa parte pode ter tido um pouco de exagero.]
Pois bem, o que em teoria configuraria-se como como somente uma jogada de marketing na verdade passou longe disso. Precisamente, o oposto. Os caras resolveram começar a fazer música de verdade, com vontade, tomando as rédeas e pensando o mundo. Por exemplo, ja no primeiro minuto de Taxman, quando entra o baixo do 'Paulzito':
ton don don ton don don
in stereophonics, perdemos já as primeiras esperanças de um album todo comercial, de uma banda que inspiraram décadas antes os menudos (na barriga das avós deles) só que depois os caras não apresentaram programa na TV! Caramba, os caras se tornaram uma das maiores bandas do mundo.
E coincidencia ou não, Revolver vem depois de Rubber Soul, com certeza o album pop-rock mais perfeito do universo. Até Revolver, George os engenheiros estavam focados na mixagem mono, e os cabras não tinham tempo para gravar em stereo. Mas isso com certeza era só a mixagem stereo, porque musicalmente, a partir do grande borrachito, influências psicodélicas, india, musica, drogas, loucura e muito talento, paixão e genialidade foram postas a prova para a sucessão de albuns mais desconcertante da história:
Rubber Soul, Revolver, o sgt. Peppers, Magical Mistery Tour, o White album duplo, o yellow submarino (que ainda nao ouvi muito, junto cmo o magical mistery), o genial abbey road e o fantastico let it be....
Parece a escalação do meu Vascão campeão da Série B!
AMBOS ESTELARES =D
terça-feira, 24 de novembro de 2009
"...please where can I buy an unicorn?"
Sempre ouvi Beatles a vida toda, sempre gostei da musicalidade deles: ora do arranjo megalomaniaco, da pieguice boba, do heavy metal, da lisergia pura, dos good times, até daquelas caras com aqueles cabelos engraçados.
Sempre me disseram que eles eram os maiores, e eu acreditei, e até repeti.
Falaram que eles eram musicos geniais, e isso eu conseguia vislumbrar.
Mas somente quinta-feira da semana passada caiu a ficha, quando ouvi alguns álbums do catálogo deles remasterizado pela primeira vez na história.
Antes, eu achava que eles tinham muitas melodias perfeitas, mas soava pra mim despretensioso: eu não via neles a genialidade apregoada (ou eu não conseguiam enxergar na época por falta de qualquer coisa).
É gritante a diferença, principalmente no som como um todo: que arranjos! os caras arranjavam muito! E que sonoridade espacial, que sala preenchida com as notas graves dos baixos do Paul, caramba, ele toca pra caralho.
Porque parece me que tudo ficou cristalino, ficou mais fácil de perceber as escolhas de cada instrumentista, os efeitos ambientais que eles colocavam nos arranjos e nos vocais! Que corais, que corais...
Sinceramente, é uma experiência transcedental sacar Beatles. Acho que consegui.
Digo sem dúvida que esse pra mim estes são albuns essenciais para todo ser que vive.
Duvidam? Taxman, Michelle, Think for yourself, What`s goes on, And your Bird can Sing: nesta ordem.
domingo, 22 de novembro de 2009
sábado, 21 de novembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
" cadê o post no blog sobre a volta do nosso Vascão?"
Dialética
Eu poderia iniciar este post
com qualquer referencia maluca
que eu pudesse inventar
pra me fazer acreditar
que a vida é muito boa.
Mas acontece que sou triste =D
Parabens meu querido time!
Voltamos campeões pra primeira!
E deus sabe o quanto foi difícil!
É duro ser vascaíno, mas vale a pena!!!
Casaca, casaca, casa casa casaca! A turma, é boa!
É mesmo da fuzarca!
VASCO VASCO VASC O!!!!
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Convite: Cineclube UFG
Galerinha do bem, amigos do coração
Convite imperdível:
Segunda feira, dia 09/11, às 18:30, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da UFG, encerraremos com muito orgulho a temporada inicial do Cineclube do Direito UFG. O Cineclube - UFG é fruto de muita vontade e luta do pessoal do CAXIM, o C.A. de Direito.
Pois bem, com muita honra, encerraremos este ano com a exibição do documentário Recordações de um Presídio de Meninos, do meu amigo Lourival Belém. E ainda: contaremos com a presença ilustre do diretor, o próprio Belemzeira, e do Prof. Lisandro Nogueira, que alguns juram que tem um irmão tocando teclado a noite na Churrascaria do Walmor, que irão comentar o filme e o cinema goiano, os 35 anos de Cineclube Antônio das Mortes dentre outros assuntos deliciosos.
Os velhinhos irão falar sobre passado e futuro, cinema, vida, morte, paixões e tudo que muito importa mas pouco nos sobra, se não buscarmos com afinco.
Portanto, pessoal, não fiquem de bobeira segunda a noite, venham ter uma noite espetacular e, com certeza, vamos esticar em um bom boteco até as horas escoarem e todos os gatos parecerem pardos =)
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Direto do cerrado da capital federal
O texto está muito bom, e já estava na página dele há alguns dias.
Qual não foi minha surpresa quando recebi um email de minha preta dizendo que o texto do gabs estava na DMBrasil (o site em pt-br da DMB)! Maravilhoso! E ainda nossas fotos ilustrando o texto. Uma ótima maneira de recompensar belamente o trabalho do Gabs.
Portanto, não deixem de acessar o site da DMBrasil com a matéria, nem deixem de acessar diariamente o blog do Gabs para acompanhá-lo, porque ele merece =)
domingo, 11 de outubro de 2009
Do tempo
Por que às vezes acho que a pessoa que sou hoje é tão diferente daquela pessoa de sei lá quantos anos atrás...
Tento subverter a gramática, mas dou de cara no muro das minhas limitações.
Por ver que as únicas pessoas que se sentem felizes o tempo todo,
tem medo da tristeza e fogem dela como diabo da cruz: seriam iludidos?
E me sinto tão estranho assim.
Nesta coleção de pequenos aforismos, tento me compreender e lembrar-me da história que vivi, mas não consigo.
E como achei que conseguiria...
Achei que, se fosse importante mesmo, eu lembraria pra sempre: eterno romântico desesperado.
Hoje tenho muitas saudades de minha avó, e tudo me lembra a ela. Até mesmo a reportagem do jornal de esportes: “Campeonato de Futebol Amador do Acre – Sena Madureira/AC”.
E choro copiosamente;
quando enfim consigo me situar no mundo:
todas as pessoas que eu queria ao meu lado
todos os sonhos que sonhei
tudo que pensei em vir-a-ser
acabaram não sendo.
Obama e Ibama
Como veem, novamente este meu espaço está bem esquecido, mas por um bom motivo.
Estou participando de um curso de formação dos novos analistas ambientais do Ibama lá em Brasilia, terra estranha. Ficarei um mês por lá, com algumas vindas para cá; por isto, as atualizações aqui serão bem raleadas.
Por enquanto, algumas impressões do que ouvi e pensei (pois não temos TV e nem internet - santa benção): o que o novo messias, Obama, de material fez pra ganhar o Nobel da Paz? Acredito que nada. A sua importância, principalmente da comparação com a besta antecessora, é inegável. Porém, tenho cá pra mim que talvez essa 'obamania' esteja indo longe demais. Ou estaremos reerguendo os nossos muros de ilusão depois de um coice violento da crise?
Pulando do Obama para o Ibama, no curso que fazemos, estamos sendo pressionados, (ora 'sutilmente', ora descaradamente) para aceitarmos a onipresença de Dilminha e seu PAC como o verdadeiro caminho para o país: o bom caminho, o caminho do crescimento, o caminho da energia.
Por um ponto, não tenho dúvidas: há necessidade imensa de desenvolvimento pautado principalmente pela distribuição de renda para nosso povo e nossa nação. O homem está inserido sim no meio ambiente, e qualquer tentativa de isolá-lo da natureza ideal é, a meu ver, um ponto de vista precário que não percebe a interrelação homem-bicho-natureza e seus desdobramentos, é ingênuo e não se coaduna com a realidade que infelizmente vivemos.
Só para constasr: estes foram dois palestrantes em um curso de formação para os analistas: Um, geoquímico contratado pela gigante Shell, atuando como parte nos procedimentos de extração de petróleo; a outra, simplesmente a representante da Confederação Nacional da Indústria. A visão dos empreendedores sendo diuturnamente martelada em nossas cabeças.
No discurso, em comum, absurdidades: sobrevalência total de decisões políticas sobre técnicas; a iniciativa privada como redentora do país; apelos pela desnecessidade de licenciamento ambiental, chegando ao ponto de questionarem as resoluções do CONAMA e, pasmem, lutas contra a intervenção do Ministério Público, talvez um dos únicos órgãos realmente independentes do Brasil, nos procedimentos de licenciamento, quando flagrantemente indevidos.
Por enquanto, grande parte de nós não engoliu de maneira alguma tais baboseiras. Mas a realidade é que o que virá a reboque do pré-sal, são algumas das mais nefastas maneiras de se conduzir a política.
Por último, façam suas apostas: Copa do Mundo 2014 e Olímpiadas Rio 2016.
Somos a bola da vez na especulação capitalista mundial ou não?
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
VMB em:
Uma palavra: lixo.
Duas palavras: Gravadoras comandam.
Três palavras: Emos conquistaram tudo.
Quatro palavras: Pitty é cantora sertaneja.
Cinco palavras: Vai lá ... ainda é algo.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Digno de nota:
AUTOR : ASSOCIAÇÃO MONTANHA VIVA
ADVOGADO : EDUARDO BASTOS MOREIRA LIMA
RÉU : UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO
RÉU : ESTADO DE SANTA CATARINA
RÉU : MUNICIPIO DE ANITAPOLIS
RÉU : FUNDACAO DO MEIO AMBIENTE - FATMA
RÉU : INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS - IBAMA
RÉU : IND/ DE FOSFATADOS CATARINENSE LTDA/
RÉU : BUNGE FERTILANTES SA
RÉU : YARA BRASIL FERTILIZANTES S/A
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Cópia da decisão:
Fato quease inédito:
Uma associação : 8 entes públicos e privados sendo 1 multinacional de grande porte.
Só tenho uma palavra:
Meus parábens ao pessoal da Associação Montanha Viva (http://www.montanhaviva.blogspot.com/) : Mais informações sobre a decisão aqui
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
capeta
Porra, mudaram meu msn!
Eu não queria mudar essa merda!
porra, essa coisa ficou azul!!!
Azul celeste.
Dá pra acreditar?!?!?!
Microsoft filha da puta
Aliás, essa merda ficou muito gay.
E viva os emos!
Sobre Fernando Sabino:
Será que se poderíamos enxergar com atenção esta notícia?
Eu acho que sim.
E se dela a gente conseguisse extrair tanta coisa, algo como uma puta análise de nosso país?
Acho que poderíamos fazer o seguinte:
Vamos pensar este país que a gente vive num pouquinho só.
Vamos ouvir música desse nosso país, ver nosso futebol, beber e festejar pensando no país que vivemos.
E vamos nos horrorizar o quanto não entendemos bufulhas de nossa existência =)
Acredite na vida, porra.
---
Professor é agredido em sala de aula por marido de aluna
Publicada em 16/09/2009 às 18h55m
RIO - O professor de filosofia da UFRJ André Martins confessou ter mantido um caso com a aluna dele no semestre passado Ana Cássia Nogueira Vieira, de 25 anos, informou nesta quarta-feira o delegado da 1ª DP (Centro), Cláudio Ascoli, segundo o site G1. De manhã, o professor foi agredido a socos pelo marido de Ana, o ex-deputado pelo Mato Grosso do Sul Pedro Pedrossian, filho do ex-governador do estado Pedro Pedrossian. O ex-parlamentar, que confessou a agressão em depoimento, será indiciado por lesão corporal leve.
Inicialmente, o professor havia negado o caso.
- Ele acredita que eu tenho um caso com a ex-mulher dele, o que não é verdade. Ela foi minha aluna no semestre passado. Apenas isso - chegou a dizer André.
- Você não vai sair livre disto, não, não vai terminar bonitinho como entrou aqui - gritou Pedrossian para Martins quando os dois se cruzaram na delegacia, segundo o site G1.
O caso será encaminhado para o Juizado Especial Criminal. O professor passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal, e a camisa dele foi enviada para a perícia no Instituto Carlos Éboli. Para ser liberado, o ex-deputado assinou um termo se comprometendo a comparecer sempre que convocado pela justiça.
A agressão ocorreu durante uma aula na sala 301 do prédio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ, no Centro do Rio, e teve como testemunhas aproximadamente 100 alunos. A reitoria teve que chamar a Polícia Militar. Pedro Pedrossian Filho foi preso após tentar fugir e ser perseguido por um grupo de alunos.
Ele já havia sido detido pela manhã ao ser flagrado nas proximidades do campus com uma barra de ferro na mão. Na delegacia, ele alegou que estava sofrendo perseguição política e foi liberado. Mais tarde, porém, voltou ao campus e agrediu o professor.
domingo, 13 de setembro de 2009
sábado, 12 de setembro de 2009
Eu tenho seu coração guardado em um pote.
Pra que ele não voe, pra que ele não me fuja, como foge de todo mundo, como às vezes foge de si mesma.
E acaba aterrisando em terrenos estranhos, em mãos distantes e abraços frios.
Ah, eu tenho o seu coração, e que seja só por hoje, que fosse só por aquele dia; eu ganhei seu coração, eu plantei nele alegria.
Te salvei por alguns instantes, beijei teus lábios como se fossem os últimos. Senti teu ar como se fosse o único e vi em teu riso, minha própria alegria.
Eu me joguei do abismo sem temer a dor da queda, perdi o juízo e o controle como quem perde a carteira.
Mas de que vale meu juízo agora? Não vale nada.
E depois eu o procuro e ainda o encontro empoeirado, debaixo da cama, junto com minhas tristezas, minhas lembranças e meus sapatos.
Queria te guardar em conserva, aqui, pra sempre, e ter seu coraçãozinho de pelúcia, vermelho vermelho.
Nunca vou deixar que ele rache ou se parta ao meio. Nem que feneça. Ele ainda bate, ele ainda pulsa, o maldito.
Às vezes eu abro e vejo se ele quer ir embora.
- Voa, voa!
Mas ele fica ali, parado. Talvez seja porque ele não tem asas e nem pilhas, mas eu acho que ele não quer ir embora.
Você até pode ir. Mas eu vou ter sempre seu coração - guardado em um pote.
domingo, 30 de agosto de 2009
Bullshit
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
voltando a ativa...
o tracker do piratebay acaba de ser desligado da internet.
Captando um pouco o mundo ...
O maior tracker do mundo acaba de ser desligado da internet.
Isso é um puta acontecimento no mundo
E nenhum veículo de comunicação brasileiro já a deu.
A partir de hoje, fudeu =)
Imaginem: a maior censura que já aconteceu no mundo acaba de ser realizada
E ainda falavam que piores golpes eram soviéticos.
Que as revoluções inexistentes eram a francesa.
Que música boa é axé ou sertanejo.
Que Tv Globo é padrão de notícias.
Que a porra do FHC é que era presidente.
E tem uma galera louca lá fora fazendo o favor de deixar eu acessar algumas coisas boas que a internet faz pra quem gosta de música, filme, putaria, livros, informações, diversão, putaria de novo, putz caramba!
Aqui vai meu muito obrigado à todos vocês que me acompanham nessa jornadinha miserável de bela que é a vida =)
[update] 21:52 e está para ser aplicado um dos bons e novos conceitos surgidos na/da internet: Opentracker é um deles (serviço de informação jornalistica da segunda feira fria com caminhão de lixo urrando as 10 da noite na porra da sua casa!!!)
[update] 22:00 Mas a internet só existe assim por causa de putaria e pirataria o caramba...
[update] 22:03 Meus amigos, duvido que encontrei um dia tão especial quanto este dia chuvoso de agosto de 2009. O clima parece clima de novembro/dezembro, época de fim de ano em que tudo está diferente, quando dá uma invernada aqui nesse cerrado de deus...
Pra complementar, coisa mais linda que isso?
"Todo caminho da gente é resvaloso.
Mas, também, cair não prejudica demais - a gente levanta,
a gente sobe, a gente volta."
(João Guimarães Rosa)
terça-feira, 28 de julho de 2009
Dona Bebeta
Na ida para o Rio, o navio em que ela estava ficou atracado em Recife, não me lembro, por uns 40 dias. Era Segunda Guerra Mundial: submarinos nazistas patrulhavam nossas costas, enquanto o país não decidia para qual lado pendia sua balança.
Chegando ao Rio, conheceu de pronto um português, Alfredo Duarte. Meu avô veio para o Brasil brigado com família aos 20 e poucos anos, e jurou nunca mais voltar a terrinha: nunca mais regressou. Veio atrás de emprego com outros irmãos, meus tios-avôs, que já trabalhavam por aqui.
Meus avós se conheceram, se enamoraram e casaram. Viveram muitos anos no Rio de Janeiro, onde tiveram dois filhos: meu tio Luiz Fernando e minha mãe, Glória.
Meu avô trabalhou de caminhoneiro, motorista de onibus, frentista e o diabo a quatro. Valente, quase morreu em uma briga de trânsito: o adversário o 'esfaqueou' com uma chave de fenda. Foi parar na UTI, mas não foi daquela vez.
Sabe, meu avô era osso duro. Mas minha avó era maior: tamboril velhaco. A história dos dois não poderia nunca ser resumida assim.
Eu nasci em Uruaçu. Minha avó foi minha segunda mãe. Minha mãe trouxe minha avó para Uruaçu depois que ela e papai se mudaram. A casa de minha avó, uns 100 metros da minha, era meu esconderijo predileto, no fim da rua, quando fugia de casa: sabendo que tinha feito merda quando era moleque. Foi na casa dela que quebrei os dois braços de uma vez: "não sobe na árvore molhada menino", eu fui e estatelei-me no chão. Engessei só um, porque filho de médico: casa de ferreiro, espeto de pau.
Minha avó era a mestre a culinária: a maior de todas, indubitavelmente. Almoços de domingo, com as duas mesas postas na garagem da sua casa: não tínhamos banco, sentávamos na mureta, e dale puxar mureta achando que era cadeira; claro, não moviam. Não posso nem lembrar das delícias porque me doem muito sabe: e não consigo imitá-la, embore tente a qualquer custo.
Eles tinham um galinheiro do lado, que eu gostava de ir pegar os ovos das galinhas, porque era legal correr delas quando ficavam bravas ou separar um pintinho do bando e ficar com ele na mão. Meu avô odiava minha farra no galinheiro.
Eles tinham uma horta também sabe, daquelas pequenas, com pé de couve, alface, um outro tomatinho, cebolinha, salsinha, do lado da casa de ferramentas do meu avô. Um quartinho pequeno, com um armário meio enferrujado, com todas as ferramentas do mundo: eu ia lá e pegava cada uma delas e às vezes perdia, e apanhava do meu avô.
Vovô era muito bravo, e minha avó sabia segurá-lo quando ele pegava o cinto. Não me lembro de nenhuma surra do meu avô, acho que era só ameaça. E com ela aprendi que água com açúcar acalmava os ânimos (embora quando eu tivesse quebrado os braços, a água que meu avô preparara não surtiu efeito: ele não tinha a magia).
Vovô morreu muito lentamente. Muito. Foi dolorido para todos que estavam lá, todos os dias, ele definhando: vítima de vários AVC's. Ele sofreu muito, muito mais que todo o mundo que eu já pude ver sofrendo morrer. Eu aguentava aquilo meio anestesiado, até o dia que ele morreu.
Lembro que a primeira vez que eu o vi, defunto, ele estava com a boca aberta. Não minto, acho que adianto muito o contar. Antes disso, fui católico: batizado, eucaristizado e crismado. Arranjei até uma madrinha de crisma, muito amiga de vóvó, cheia da grana: ela não me deixou um tostão de herança, tia Carminha. Gente boa era ela. Minha avó era carola ao extremo: segurara a mão do Papa João Paulo II quando ele veio em 70 e poucos aqui.
Nessa época, devia ter uns 14 pra 15 anos, eu rezava muito, todos os dias, para que meus avôs só morressem depois que eu tivesse 18 anos: eu precisava já ser forte para aguentar a porrada que seria.
Meu avô morreu em julho de 2001. Ele estava com a boca aberta quando vi. Depois amarram com um lenço seu queixo caído. Minha avó só dizia: "Ai, meu Lopes". O maior amor do mundo. Ajudei a carregar meu avô para a urna, pra dentro do carro, pra dentro da igreja, pra fora da igreja, pra dentro do túmulo. Vovô se foi.
Depois que o vovô se foi, minha família se implodiu. E tudo passou a ser diferente. Minha avó continuou, claro, porque era muito forte, porque era tudo. A nossa caravela, que perdera as velas com meu avô, ainda segurava um prumo com o timão que era minha avó.
Depois minha mãe foi pra Alto Horizonte, e minha avó foi junto, fazia uns 7 anos mais ou menos.
Minha avó era minha macumbeira maior: todas as provas que fiz na minha vida consegui, e tenho muita certeza que somente por causa da magia da minha avó. Eu sempre soube que era bruxaria, que era magia da mais pura, e não tinha nada a ver com religião: era uma conexão íntima com o espírito do mundo. Por mais que novenas, terços e ave marias ela rezasse, toda a energia que ela dispunha ela depositava na gente, na minha mãe, no meu irmão, e em mim. Sempre.
E depois de amanhã eu começo a trabalhar no Ibama: de longe, a maior macumba que ela já fez por mim. Acho que por muito disso, ela se enfraqueceu, talvez: tanta fé e energia tem que ter um fundo aqui.
Eu sei que aquele coração imenso de 87 anos que veio la do Acre, foi ao Amazonas, ao Rio de Janeiro, visitou muitos estados, veio pra Uruaçu, criou-me da maneira mais sublime que podia, parou de bater hoje às 16:05 da tarde, aqui em Goiânia. Ela nos viu ainda hoje, e me reconheceu, como não poderia deixar de ser, falando: "Ah, é o Luizinho...", pouco antes de falecer. Morreu como um passarinho.
Sentada, ela deu somente um suspiro de "ai..." e voou. Não estava lá, minha mãe estava com ela. Meu tio estava viajando. Não reclamou, não chorou, suportou tudo mais que bravamente: ela era porreta, tora de aroeira. A melhor filha do mundo estava do lado dela, acho que ela foi tranquila, olhando para minha mãe.
Minha avó morreu. Minha nau se deita despedaçada. Com ela, vão lembranças de uma época que nunca mais vão voltar, e nem poderiam. Ela se vai com muito de mim, mesmo eu sabendo que muito dela fica conosco. O que resta de nós agora pra frente, não sei dizer.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
A canção de Siruiz
mais idosa do Sertão
padroeira minha vida
vim de lá volto mais não
Corro os dias nesses verdes
meu boi mocho baetão
buriti, água azulada
carnaúba, sal do chão
Remanso de rio largo
viola da solidão
quando vou pra dar batalha
convido meu coração...
Grande Sertão Veredas
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Convite aberto
Meus amigos.
Fui convidado para participar de uma mesa redonda que acontecerá no II Congresso de Psicologia de Goiás e Tocantins, que será realizado no Centro de Convenções aqui em Goiânia, no dia 22 de agosto, às 10h (dá num sábado).
Fiquei imensamente honrado e feliz com o convite. Quem me colocou nessa roubada, e já tinha colocado a Cristiane foi o grande Belemzeira. Porém estou bastante angustiado: o que será de tudo?
Por isso, para que eu não tenha um troço, ou melhor, para que vejam o troço que terei lá na mesa redonda, convido todos vocês a me ajudarem lá, apoiando este perdido aqui.
Acá abaixo, o convite que abro a vocês para que compareçam impreterivelmente no dia =)
Convidamos V.S.ª para participar, na qualidade de expositor, da Mesa Redonda “Suicídio assistido”, no dia 22 de agosto, das 10h às 12h.A Mesa será assim articulada:
22/08/2009 - 10h às 12h
Mesa redonda 13 – Sala 3
Eixo temático: Formação e Qualificação
Presidente: Heloiza Massanaro
Tema: Suicídio assistido
Resumo da mesa: Sobre o amor, a morte e as paixões a literatura é vasta e a arte marcada pelas experiências e reflexões do homem em sua tentativa de compreender. Sobre o morrer, o que observamos é a manifestação de medo da dor e busca de alívio para o sofrimento ou o sofrimento de existir. Vamos conversar um pouco sobre: suicídio desassistido, suicídio assistido, cuidados paliativos e políticas públicas.
Expositor 1: Luiz Alfredo Martins Lopes Baptista
Expositor 2: Edirrah Gorett Bucar
Expositor 3: Antonio (Araujo Jorge )
terça-feira, 21 de julho de 2009
Sobre Luziânia e um pouco sobre nós
Dei uma olhada no estudo. Luziânia desbanca Goiânia e Aparecida de Goiânia (minhas apostas naturais). E não desbanca pouco não: Luziânia é a 15ª (décima quinta) cidade mais violenta para adolescentes do país.
Com um IHA de 5,4 adolescentes mortos em 2006 para cada grupo de 1000, estima-se que num período de 7 anos a partir de 2006, 149 adolescentes serão assassinados em Luziânia. Fazendo uma conta rápida (e talvez até temerária estatisticamente), a cada ano 22 adolescentes são/serão assassinados naquela localidade.
Luziânia integra o entorno de Brasília juntamente com Formosa, Valparaíso, Águas Lindas e Planaltina, região muito conhecida pela sua riqueza e desigualdade, criminalidade e violência. Violência inclusive tamanha que é de conhecimento geral os grupos de extermínio que operam na região, como estampado em matéria do jornal Correio Brasiliense em 11 de maio de 2009, e em uma série de reportagens que a seguiu (a série completa pode ser obtida aqui, disponível em pdf). Luziânia não é Formosa, claro, mas as semelhanças não são mera coincidência.
Goiânia situa-se em 143º, com um IHA de 1,5 adolescentes assassinados anualmente por grupo de 1000. De acordo com as estimativas, em 7 anos serão assassinados 259 adolescentes em nossa capital.
Tênebra?
Creio que não. Se lembrarmos que os dados são de 2006, e que nos últimos 3 anos sentimos nossa sociedade muito mais permeada de ira e ódio do que poderíamos sequer imaginar, podemos, de relance, enxergar como engendramos diariamente este nosso mundo, isolados de nós e dos outros, rogando aos céus para sermos, duplamente, indefesos e inocentes.
O que muito me lembra o poema de Kaváfis.
--
À Espera dos Bárbaros
O que esperamos na ágora reunidos?
É que os bárbaros chegam hoje.
Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?
É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.
Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?
É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.
Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?
É que os bárbaros chegam hoje,
tais coisas os deslumbram.
Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?
É que os bárbaros chegam hoje
e aborrecem arengas, eloqüências.
Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?
Porque é já noite, os bárbaros não vêm
e gente recém-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.
Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.
Konstantinus Kavafis
Tradução de José Paulo Paes
segunda-feira, 20 de julho de 2009
tá chegando a hora...
"o dia já vem raiando, meu bem,
eu tenho que ir embora..."
Atenção companhia: todos para suas tocas!
Ai, ai, ai ai...
Juiz aceita denúncia e Daniel Dantas e mais 13 pessoas viram réus por crimes financeiros
Preso duas vezes durante a Operação Satiagraha, Dantas já foi condenado por De Sanctis, em 2008, a 10 anos de prisão por corrupção ativa. O banqueiro tentou subornar com US$ 1 milhão um delegado da Polícia Federal (PF) com o intuito de barrar a Satiagraha. Ele recorreu e aguarda o novo julgamento em liberdade.
Na decisão desta segunda-feira, o juiz decretou a liquidação judicial do Fundo Opportunity Special, com recursos de aproximadamente R$ 500 a 600 milhões, que tinha como cotistas o próprio Dantas e seus assessores. O juiz determinou a abertura de três inquéritos pedidos pelo MPF, entre eles um que apura o envolvimento com o esquema de Dantas do ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh.
Outro inquérito vai apurar a participação de brasileiros no Opportunity Fund e outro inquérito para investigar a compra da Brasil Telecom pela OI. O juiz diz suspeitar da participação de agentes públicos no esquema de Dantas, mas não cita ninguém como suspeito. Segundo De Sanctis, as irregularidades vêm do tempo da privatização do sistema Telebrás, quando o Opportunity detinha apenas 10% das ações da Brasil Telecom mas Daniel Dantas controlava totalmente a empresa.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Documentário: "Teatro do Oprimido e outras poéticas"
Aos meus queridos oito leitores:
Saiu uma matéria no jornal Tribuna do Planalto sobre o trabalho que realizamos no sistema prisional goiano com o Teatro do Oprimido, do mestre Augusto Boal. Meu trabalho na prisão é, ironicamente, o trabalho que mais me abriu os olhos durante toda a minha vida. Um dos meus maiores orgulhos é ter fundado e ser parte do Cenáculo Campo Livre.
A reportagem aborda também o documentário estamos realizando, através da entrevista de dois gênios, o Belém e a Cris e eu, este humilde imbecil que vos fala; aliás, documentário este fruto também daquela amizade que, tenho certeza absoluta, nunca desbotará (enquanto outras na vida às vezes definham sem motivo nenhum...).
Nós conseguimos reunir um grupo dos mais espetaculares, em que também participam meus grandes amigos Robson e Gabriel na concepção, meu irmão Raphael compondo a música juntamente com o maestro Jean, que também faz parte da fotografia. Aliás, estes são da trupe, sem contar: Bessa, Lígia, Cam, Rai, Ana Rita, o grande Robson e a professora Luciene: em suma, um mundaréu dos mais gostosos de se ver.
Vale muito a pena a leitura da matéria: foi bem escrita pelo jornalista Gilberto, e consegue passar um pouco de nossa luta diária pela modificação da realidade de nossa cidade: cruel e desigual.
Muita coisa boa vai sair do nosso Cenáculo Campo Livre.
Este documentário dará o que falar =)
Se possível, nos ajudem a divulgar a matéria.
Abraços meus queridos
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Perto das artes, longe do crime
Gilberto G. Pereira
Para mudar uma linguagem calcada nos signos da opressão, do temor e da violência, só outra que seja voltada para a descoberta do sujeito como um importante ator social, descobrindo em si mesmo a dignidade, o respeito e a capacidade de fazer algo bom. Essa é a nova proposta educativa inserida nos centros de recuperação de adolescentes infratores de Goiânia, tendo como base o Teatro do Oprimido, criado pelo dramaturgo Augusto Boal, na década de 70 (veja box).
O trabalho ainda está no começo. Só existe desde setembro do ano passado, no Centro de Atendimento Sócioeducativo (CASE), no setor Vera Cruz, no Centro de Integração do Adolescente (CIA), no setor Marista, e no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. As atividades são aplicadas pelo Colégio Vida Nova, que fica dentro do CIA e é responsável pelas medidas sócioeducativas dos adolescentes.
Mas os resultados já estão aparecendo. Desde que o método foi implantado, a maioria dos internos tem apresentado um comportamento diferente, mais colaborativo, menos tenso, considerando, claro, a situação de marginalizados em que esses meninos se encontram. Já foram realizadas duas apresentações abertas, chamadas de Cena Fórum. A primeira delas foi feita no próprio CIA para familiares e autoridades militares.
A outra alcançou uma platéia maior, no teatro da Universidade Católica de Goiás (UCG), no dia 30 de junho. Na ocasião, seis internos atuaram numa cena conhecida por todos eles, regada de truculência policial e uma carga de violência trazida pela própria experiência de vida, em que três deles faziam o papel dos detidos, dois representavam os policiais e um o delegado.
Dentro desta concepção teatral, as histórias dos adolescentes são postas no palco depois de um longo trabalho de preparação, em que eles próprios desenvolvem falas e gestos, com a ajuda do professor. É como se a linguagem violenta à qual estão acostumados se espremesse até que daí fosse sugerida uma alternativa mais humana. Isso porque os participantes mostram o não raro horror da conduta policial, mas também enxergam a sua própria violência. O resultado está na reflexão posterior, em que descobrem neles mesmos o valor do diálogo e do respeito mútuo.
De acordo com a pedagoga Luciene Pinheiro, diretora do Colégio Vida Nova, o método do Teatro do Oprimido é um espelho para o qual o aluno se volta e vê seu potencial positivo. "Logo de cara me encantei com a metodologia dialógica, em que todos têm voz, permitindo o aluno trazer sua vivência real para ser reproduzida e analisada em cena". Outro entusiasmado com o projeto é o professor Robson Parente, o responsável direto pela implantação do método nas três instituições. É ele quem dá as aulas para os internos, forma os grupos e dialoga com os garotos toda a criação das cenas que serão trabalhadas.
Persistência
Ninguém é ingênuo a ponto de achar que as medidas sócioeducativas farão dos internos um time de anjos. Mas também não dá para descartar a possibilidade de mudar a perspectiva de muitos deles. É assim que pensa Parente. Ele foi contratado pelo Colégio Vida Nova, no começo de 2008, depois de muita gente ter recusado o cargo ao saber que era para trabalhar com adolescentes infratores.
Parente, no entanto, aceitou o desafio seguindo a filosofia do fazer primeiro para avaliar depois. "Sou profissional do teatro há 25 anos, e quando fui chamado pela Luciene eu disse a ela que ia tentar. Nos primeiros seis meses, tentei várias vezes os métodos tradicionais da linguagem teatral. Mas nada dava certo. Os alunos não se interessavam e diziam que teatro era coisa de mocinha", lembra.
Os resultados de suas aulas não estavam atingindo aquilo que ele mesmo propunha como produtivo. Foi quando descobriu que o Centro do Teatro Oprimido, com sede no Rio de Janeiro, daria um curso de formação de professores na cidade de Anápolis. Parente propôs a Luciene a adoção do método. Ela aceitou na hora. Os dois foram fazer o curso, que começou no fim de agosto de 2008, e já em seguida criaram os grupos nas unidades sócioeducativas, com apoio dos respectivos diretores.
A apresentação realizada na UCG, nove meses depois, revelou não apenas o sucesso do parto saudável de uma ideia boa, mas também a vontade da própria universidade em levar adiante o projeto das apresentações. "Eles demonstraram interesse em estabelecer parceria conosco, para fazermos uma apresentação lá a cada seis meses", diz Parente.
Até agora, ele já montou quatro grupos com mais ou menos seis integrantes cada. Desses, um se desfez, em função do término das penas educativas dos participantes. "Pelo que sei, nenhum deles se meteu em confusão e segue normalmente suas vidas", comenta Parente. Os outros três grupos continuam as atividades. Para dar certo, o trabalho teatral com os alunos leva seis meses para cada grupo, da concepção inicial até a Cena Fórum. "Primeiro, eles fazem jogos corporais, sem fala, em seguida trabalham a escrita. Meses depois, desenham as cenas, e por último vem a criação das falas, sempre com liberdade para improvisar em cima", explica Parente.
No CIA, há 40 internos e no CASE, 29. A grande expectativa do professor é que cada vez mais os garotos procurem se integrar ao grupo teatral (porque ninguém participa por obrigação). "Espero que quando saírem daqui consigam ser cidadãos preparados para o grande teatro da vida, sem cabeça curvada, sem violência, com dignidade e respeito." Mas todo esse trabalho pode ir por água abaixo. Como Parente não é funcionário concursado do estado, seu contrato especial está se encerrando agora em agosto, e o teatro nos centros socioeducativos corre o risco de ter de fechar as cortinas por falta de um profissional da área.
Articulador de ideais
O Teatro do Oprimido chegou às unidades sócioeducativas do CIA e do CASE como mais um instrumento de inclusão dos menores infratores. O objetivo é dar a esses jovens excluídos uma oportunidade de enxergar qual é o ponto crucial para a vivência em sociedade. Em Goiás, uma das pessoas que mais lutam pelo processo de inclusão social é o médico psiquiatra e cineasta Lourival Belém, que há décadas está engajado nas questões sócio-políticas e ambientais do Estado. Segundo ele, a sociedade vai mal, o Estado vai mal, e o indivíduo, muito estimulado a ser autônomo do restante do corpo social, também perdeu suas referências e por isso não anda muito bem.
A solução, diz Belém, é o resgate da cidadania de todos. "As pessoas precisam aprender a se preocupar mais com os outros e deixar de excluir por qualquer motivo. Um doente mental não pode ser descartado como lixo, um garoto em medida de internação precisa ser olhado com a perspectiva de que ainda pode ser recuperado", diz. Quando ficou sabendo que a técnica do Teatro do Oprimido seria aplicada nas aulas dos internos, Belém foi o primeiro a aplaudir a iniciativa. E por causa disso, fez muitos elogios à diretora do Colégio Vida Nova, Luciene Pinheiro, e ao professor Robson Parente. Nesse projeto, ele faz o papel de articulador de ideias.
Acostumado às linguagens de representação artística, como o teatro e o cinema, Belém sabe que o apelo teatral é um excelente aliado quando se quer mostrar as verdades que muita gente não quer ver. "É a grande chance de todo mundo se ver, porque será levada para o palco a vida dos internos, incluindo a experiência com os pais, policiais e com toda a sociedade", diz. Uma das ideias que ele trouxe para agregar ao projeto é a realização de um documentário sobre o processo de exclusão social em Goiânia, colocando Teatro do Oprimido no centro da questão. O filme será produzido por ele e dirigido por dois jovens cineastas, Cristiane Leão de Castro, 26, e Luiz Alfredo Baptista, 25.
Na tela do cinema
O documentário sobre exclusão e marginalidade na Capital goiana está sendo rodado nas carceragens, com uma possível abordagem dos problemas nas ruas também. De acordo com Luiz Alfredo Baptista, diretor do filme junto com Cristiane Leão de Castro, já existem 50 horas filmadas, mas o objetivo é ter o dobro desse tempo. Uma das razões que levaram os dois jovens ao projeto foi a vontade de intervir na vida social da cidade. Para eles, a intervenção artística, seja por meio do cinema, da música, da literatura ou do teatro, tem um potencial enorme de transformação. "Goiânia está se tornando uma pequena São Paulo pelo que existe de negativo, com a explosão demográfica e o surgimento de vários focos de pobreza extrema", diz Baptista.
Mas por enquanto, ainda dá para mudar, esta é aposta do jovem cineasta, que vê no Teatro do Oprimido um instrumento de grande força modificadora da realidade. Cristiane também pensa como ele. Foi essa crença na recuperação do ser humano que levou os dois a filmar o trabalho de Luciene Pinheiro e Robson Parente, no Núcleo de Custódia, no CIA e no CASE, para mostrar, quadro por quadro, a força da representação teatral.
Junto com os dois jovens, Belém criou um grupo chamado Cenáculo Campo Livre, que vai realizar vários outros projetos no complexo prisional de Aparecida de Goiânia. Entre eles está o Imagens Aprisionadas, uma oficina de fotografia no presídio feminino para melhorar a auto-estima das mulheres, já com data para ser realizado. Serão cinco sessões de fotos, toda terça-feira, a partir do dia 14 de julho, em que as próprias encarceradas vão escolher a caracterização de suas fotografias.
Boal, o coringa do teatro
Augusto Boal (1931 - 2009) é o grande ícone do teatro brasileiro. O que ele fez pelas artes cênicas no Brasil servirão como diretriz para atores e diretores ainda por muito tempo. Um dos fundadores do teatro de Arena, com montagens antológicas, como Arena Conta Zumbi, em 1965, e Arena Conta Tiradentes, em 1967, Boal trouxe para os palcos uma nova linguagem ao criar o Teatro do Oprimido. Essa metodologia de expressão cênica procura resgatar a dignidade de pessoas ou grupos que se encontram em situação de opressão. Com o teatro e a militância político-social, Boal ganhou projeção internacional. Em 2009, ano em que morreu, fora nomeado embaixador mundial do teatro pela UNESCO, além de ter sido indicado ao Prêmio Nobel da Paz. O principal propagador de sua obra é o Centro do Teatro do Oprimido. Para mais informações do CTO, acesse www.ctorio.org.br.